domingo, 18 de dezembro de 2011

Progne


Louca e estúpida
Andorinha sem rumo
Esgotas-te nesses caminhos
Que percorres sem nada ver
Vem comigo procurar-te
Imagina que o canto
Dos teus iguais
Preenche ingenuamente
Os trilhos onde navegaram
Encontra-te
Percorre-te
Busca lá a lucidez
Separa os iguais
Afasta a invídia
Das incrédulas que te observam
Ficam cegas de tanto
…E de nada…
Retidas e estagnadas
Coitadas?
Andorinha…anda vem
Outras paragens se avistarão
No Deus eterno poético
Encontrarás refúgio
Porque ele habita em ti
Nas tuas entranhas
Para lá do Marão
Eu sei que consegues
Vem…
Encontra-te
Celebra-te
Idolatre
Aquilo que eras…Progne?
Já não te sentes assim
Agora bates as asas e
Tornas-te eterna
E acima das demais…

Coitadas…invídia(s)!

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ser Poeta




O poeta tem medo de si…
Encurralado nas suas
Entranhas estranhas…
E quebradiças que lhe esgotam a alma,
O espírito,
A tranquilidade
…de conseguir ser alguma coisa
E não ser nada.
Num desatino feroz!

De tanto gritar
Adormece a voz
Sem se querer perder
Esgotar, envolver
Porque dentro si mora a utopia,
Que é sentida como uma ferida
Desse drama que lhe dá vida

O poeta teme a chama
Da Alma inquieta
Que por tanto querer
Encontrar-se
Perde-se sem rumo no sofrer!

Ser poeta é não-ser?



Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A origem do Amor (ii)

                  
               











         L'enlèvement de Psyché

                 III

Pelo pretendente misterioso
Esperas d’amor sem o avistar
Do encontro fatal e misterioso
Daquele que ousaste amar

Resgate que não bastava
De coragem duma singela vida
Vede, o que tanto esperava
Como pudeste ser concebida

Tamanha beleza que hipnotizou
Por Zéfiro foste orientada
Ser testemunha de quem amou!
A um castelo que te deu morada

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A origem do Amor


         L'enlèvement de Psyché
                  
                   I

D’Eros solta-se o sinal de partida
Para um encontro tão esperado
Do concílio que marcou a ida
Àquele momento tão aclamado

D’os genes eternos e imortais
Que tornara a deusa apetecida
Para o desconhecido marcado
Pelo sangue que lhe deu guarida

Psiquê que tanto esperas
Da aguardada imortalidade
Tamanha beleza desconcertante
Dessa perturbadora mocidade


                   II

A Deusa da beleza acorda
Tua perfeição cobiça despertou
Afrodite ordena e recorda
Que outros homens afastou

Dos seus templos esperam
A beleza, o culto e adoração
Doutra agora se apoderam
Mil homens e uma nação

Psiquê, simples e mortal
D’ Eros fatalmente atingida
Que nesse eterno sangue afinal
Foi colhido pela mesma ferida

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ignoração estadística



                     Carl Spitz  - O poeta pobre        

A ignorância desfaz-se na corrente lavada
De espumas contraditórias e ondulantes.
Nesta mítica orgia e maléfica escada
De cognoscíveis desconcertantes.

Estes degraus fúteis e descontentes
Deste escárnio e maldizer patente
Do estúpido contentamento (des)contente?
Numa inevitável lavagem de mentes
                                         
Feliz do que nada sabe observar!
Desta maioria absolutamente ignorante,
Desta civilidade doente para matar
Proparoxítona esta política errante.

Dos que nasceram para nada fazer,
E ainda dos que simplesmente
Numa artimanha deambulam
Parasitas de uma antiga corrente.

D’uma gélida e fictícia nação
Estes senhores, este direito torto 
Até Deus ressuscita d’uma aparição…
E o poeta… Ai! Esse assistirá morto!

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Soledad

Salvador Dalí - Reminescense

Vieste sem avisar.
Marcaste o teu espaço.
Aqui e ali...
Os livros,
As folhas rasuradas,
Os pensamentos,
A música...
O ruído de ti.
Levaste contigo:
O silêncio,
A força,
Os pedaços.
D’ uma vida
D’ encontros
Desencontros.
Silêncios que calaram
O que parecia invencível.
Levaste contigo:
O (re)encontro,
A energia destas
E dessas mãos
Quebradas,
Presas nesse caminho
Que ainda não nasceu.
Levaste as madrugadas
Sem dormir,
Sem pensar,
Onde o tempo
Deixou de existir.
Histórias que contava
Ao pé do crepúsculo,
Foram deixadas para trás...
He aqui la soledad de onde
estás ausente!

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Teixeira de Pascoaes

Pascoaes foi e será para sempre uma mente prodigiosamente fecunda, pela sua imensa atividade intelectual e pela exclusividade de pensamento. Para mim talvez o maior poeta-filósofo contemporâneo do Pensamento Português.

Sobre a sua alma grandiosa residiu um espírito ondulante de conteúdo, único e de inteligência subtil, que encarnou num só homem todas as possibilidades do conhecimento humano. Tal como um vulcão, incendiou completamente os modos de pensar, sentir e agir do final do séc. XIX e princípios do séc. XX. A
nossa alma portuguesa fez-se carne nas suas obras, não só pela sua essência saudosa, mas também pelo orgulho que encerra este sentimento único de lusitanidade.

Tal como afirmou Eduardo Lourenço em Pascoaes os contrários não se opõem e a contradição não exige múltiplos eus para suportar inconciliáveis visões do universo, tudo é só uma realidade, misteriosamente a mesma e o seu contrário.



“Desejei falar de mim, neste livro. Falei dos outros, afinal. Mas quem somos nós senão os outros? Um homem é todas as cousas que ele viu e todas as pessoas que passaram por ele, nesta vida. (…)

Alegro-me de ser. Ao menos, vi as estrelas, o mar, o Marão, o pôr do sol, entre, os pinhais, a Lua pousada, por instantes, num cerro montanhês, a primavera e o teu pequeno vulto, meu Anjinho!

Alegro-me de ser, porque amo e sofro; espero e desespero, choro e rio; cantando, elevo-me às estrelas e há silêncios que se abrem em mim, tão profundos como a noite!

(…) Sim, há horas em que a vida nos esmaga e esfarrapa! Somos como um papel escrito nas mãos insatisfeitas dum poeta, esse animal raivoso. Voamos aos quatro ventos! (…)

O homem nasce e morre várias vezes, desde que sai do berço até que entra no seu túmulo. Viver é nascer a toda a hora.

O homem não vive: nasce e morre.

Viver vivem as árvores… e algumas criaturas que conheço, perfeitamente vegetais. (…) E vive a donzela, que é uma flor…

O homem nasce e morre. É um vagido e um último suspiro. A palavra foi dada às palavras e às árvores e às do donzelas… Percebe leitor? Desculpará… Pedir desculpa é a própria base do edifício social. O leitor, se é comproprietário desse belo edifício, ficará a simpatizar comigo e será capaz de me ler até ao fim! Ainda bem!”



In: O Bailado, Teixeira de Pascoaes

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Existências



Inclina-te e ouve
O grito da gaivota
Que marca o sinal
Do dilúvio sombrio
Que nos arrastará
Para o desconhecido
Dos outros de nós
Que se encontram
No olhar da criança
Na esquina do pedinte
Nas pedras da vida
Na ternura do olhar
Neste conflito
Entre o bem e o mal
Nestes antónimos
Que dão à vida o sal
Que nos tempera
De conteúdos múltiplos
De sucessivas encarnações
D’ almas mal vividas
D’ ódios escusados
De um Deus ausente
Inatingível para muitos
Da fútil existência
D’alguns
Da sombra para lá
Da aparência transparente
Inútil, vã, descontínua
Com aquilo que realmente
Nos faz saber existir (…?) 


Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

domingo, 28 de agosto de 2011

LOUCURA?

Entra desenfreada em ti,
Tudo o que não esqueci
Utopias e novas quimeras.
Encontras o que esperas?
Pensamento, sombra e desatino...
Nem os Deuses fogem ao destino.

O tempo iludiu e calou,
E desespero profundo mostrou
Nas paredes ocultados,
Naquele hospício soterrados.
Ajuda! Pensam ser o fim...
Amanhã poderá ser o espelho de mim!

Dorme, louco, dorme,
(Cuidado: loucura enorme!)
As batas brancas chegaram?
Coitados, os estudiosos calaram,
Eles sentem-se loucos também.
Não é isto que o homem tem?

Deus que não o foi para todos,
Normalizou os modos.
Os pensamentos, a liberdade!
És louco desde a mocidade.
E tu, que apenas liberdade querias.
Confundido foste. Não merecias!

Quero ir busca-los,
Dessa ignóbil vida.
Mas nada posso fazer...
Que mais hei-de dizer?
Loucura que invejas a morte:

Morrer seria uma sorte!


Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Trovador














Ele canta, pobre e simples
Esconde em si um enredo
Canta, e dedilha-a
Tal como o canto da ave

Que arrepiada se esconde
Fugindo da outra parte de si
Engana-se, mas canta
Como se tivesse razões

Oh! Canta, louco!
O que em mim sinto
O que em ti vou pensando
Louco! Canta!

Cristina Gonçalves D' Camões (2011)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Antero de Quental "Inconsciente"

O espectro familiar que anda comigo,
Sem que pudesse ainda ver-lhe o rosto,
Que umas vezes encaro com desgosto
E outras muitas ansioso espreito e sigo,

É um espectro mudo, grave, antigo,
Que parece a conversas mal disposto…
Ante esse vulto, ascético e composto
Mil vezes abro a boca… e nada digo.

Só uma vez ousei interroga-lo:
Quem és (lhe perguntei com grande abalo)
Fantasma a quem odeio e quem amo?

Teus irmãos (respondeu) os vãos humanos,
Chamam-me Deus, há mais de dez mil anos…
Mas eu por mim não sei como me chamo…

Antero de Quental – Sonetos Completos, p. 143

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Amor - O profeta de Kahlil Gibran

Publicada pela primeira vez em 1923, reeditado constantemente em todo o mundo. O profeta é uma das obras mais bem-amadas da Literatura Universal. Livro profundo e intemporal, a sua linguagem permeada de uma beleza poética profunda, mas ao mesmo tempo de uma simplicidade encantadora. Pela voz do profeta Almustafá, são evocados os mais profundos desejos da mente e da alma humana. Leva-nos ao encontro da nossa paisagem interior.
 Dentro dos vários temas que constitui a obra, decidi colocar aqui o tema: Amor.



Depois disse Almitra:
“Fala-nos do Amor.”
Ele levantou a cabeça, contemplou o povo, e sentiu a calma instalar-se sobre todos. E Almustafá, com uma voz grandiosa declarou:
“Quando o amor vos acenar, sigam-no, ainda que os seus caminhos sejam difíceis e íngremes.
E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, ainda que a espada escondida no meio da penugem vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai nele, ainda que a sua voz possa destroçar os vossos sonhos, tal como o vento do norte devasta um jardim.

Pois mesmo quando o amor vos coroa, crucifica-vos e quando vos faz crescer, tolhe-vos.
Quando o amor se revela à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que vacilam ao sol, também se baixa até às vossas raízes, abanando-as quando se agarram à terra.
Quais feixes de milho, o amor junta-vos a ele.
Abana-vos para vos despir.
Peneira-vos até à brancura.
Amassa-vos até que fiqueis moles.

E acolhe-vos para o seu fogo sagrado, de molde a que vos torneis pão sagrado no banquete sagrado de Deus.
Tudo o que o amor faz por vós serve para conhecerdes os segredos do vosso coração, e para que na posse desse conhecimento vos torneis um fragmento do coração da Vida.

Mas se, apesar de terdes medo, procurais apenas a paz e o prazer do amor, mais indicado é, para vós, que cubrais a vossa nudez e abandoneis a eira do amor.
E entreis num mundo sem estações onde rireis, sem esgotar todo o vosso riso, e chorareis, sem esgotar todas as vossas lágrimas.

O amor não dá mais do que a si próprio e não retira nada que não seja a si mesmo.
O amor não possiu nem pode ser possuído, pois o amor é suficiente por si só.

Quando amardes, não deveis dizer: “Deus está no meu coração”, mas antes “Eu estou no coração de Deus”.
E não penseis que podeis dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar merecedores, dirigirá o vosso curso.

O amor não tem qualquer outro desejo senão o de acontecer.

Mas se ameis e tiverdes desejos, deixai que estes sejam os vossos desejos:

- Derreter e ser como um riacho que corre e canta a sua melodia à noite.
- Conhecer a dor da ternura excessiva.
- Sofrer pela nossa própria concepção de amor.
- Sangrar com vontade e alegria.
- Acordar com a alvorada e com o coração a levitar, dando graças por mais um dia de amor.
- Repousar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor.

E depois adormecer com uma oração pelo nosso amado e uma canção de louvor nos lábios.


In: O Profeta, Kahlil Gibran, p. 15-17

segunda-feira, 20 de junho de 2011

PABLO NERUDA "Me gustas cuando callas"








Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te parece a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
Claro como una lámpara, simples como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una Palora entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.


Poema 15 – Me gusta cuando callas…
In: Vinte Poemas de Amor e Uma canção Desesperada de Pablo Neruda, pág. 56/58

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Teoria do Amor - Platão


Nenhum dos deuses filosofa, ou deseja ser sábio porque o é já; e em geral, quando se é sábio, não se filosofa; os ignorantes também não filosofam nem desejam tornar-se sábios, porque o mal da ignorância reside precisamente em que, não tendo nem beleza, nem bondade, nem ciência, se julga sempre que se possui o suficiente.



Ora, quando se não tem a convicção de que falta alguma coisa, também não existe o desejo dela.
Então perguntei eu:
Quais são nesse caso, Diotima, os que se filosofam, visto que não são nem sábios nem ignorantes?
- Mesmo uma criança, respondeu ela, perceberia que filosofam os que estão como que no meio, pertencendo o Amor a este grupo.
Com efeito, tem que se incluir a Ciência entre as coisas mais belas; ora o Amor é o amor das coisas belas: é forçoso, portanto, que o Amor seja filosófico e, visto ser filosófico, que esteja entre o ignorante e o sábio; a causa disto encontra-se na sua origem, visto ser filho dum pai sabedor e engenhoso e de uma mãe ignorante e simplória. Eis, pois, amigo Sócrates, qual é a natureza deste demónio. Quanto à ideia que tinhas do Amor, não lhe encontro nada de espantoso: pelo que posso concluir das tuas palavras, imaginas tu que o Amor é o objecto amado e não o amador; é esta, creio eu, a razão que te levava a imagina-lo tão belo; de facto, aquilo que se pode amar é o que é realmente belo, delicado, perfeito, bem-aventurado, mas aquele que ama tem características diferentes e que são aquelas que expus agora mesmo.
(…) Sabes que a palavra poesia que dizer muita coisa; a significação mais larga de poesia é a de causa que faz passar qualquer coisa do não ser à existência, de modo que uma criação, em qualquer arte, é sempre uma poesia, e que os artistas que as fazem são sempre poetas.
- É verdade.
O desejo do bem e da felicidade, sobre todas as formas, eis aí, no seu sentido Universal, “o grande e engenhoso Amor”. Mas há várias maneiras de cultivar o Amor e ninguém diz que amam e são amantes aqueles que buscam o dinheiro, a ginástica ou a filosofia; mas há uma espécie de amor a cujos adeptos e seguidores se dá o nome de todo o género: amor, amar, amante.
(…)
Diz-se muitas vezes, que amar não é procurar nem a metade, nem o todo de si próprio, se essa metade e esse todo não forem bons.
(…)
Quando alguém se eleva das coisas sensíveis, por um amor bem entendido dos jovens, até essa beleza, quando alguém começa a enxerga-la, pode dizer-se que está perto de atingir, o verdadeiro caminho do amor, quer se entre nele espontaneamente ou para ele se seja conduzido, consiste em partir das belezas sensíveis e em subir incessantemente para essa beleza sobrenatural passando, como de degrau em degrau, dum corpo belo a dois, de dois a todos, depois dos belos corpos às belas acções, depois das belas acções às belas ciências, para finalmente ir das ciências à ciência que não é outra coisa senão a ciência da beleza absoluta e para conhecer, enfim, o belo tal qual ele é em si.”

In: Platão, Teoria do Amor – diálogo sobre a natureza do bem e do belo
Trad. Agostinho da Silva, Ed. Padrões Culturais Editora, 2010

segunda-feira, 13 de junho de 2011

É URGENTE O AMOR

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
é urgente destruir certas palavras.
odio, solidão e crueldade,
alguns lamentos
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Eugénio de Andrade

sábado, 11 de junho de 2011

O olhar d'Alma de ser português

O pensamento humano é a síntese animada
De toda a Natureza...

E a alma não é mais que transcendente imagem
De tudo quanto abrange a luz do nosso olhar.

Ò arvoredo numa ideia transformado!
Ó nuvem convertida em sensação subtil!


  In: Teixeira de Pascoaes, Sempre (1902)



O homem conhece o Mundo pelo olhar da Alma que transcede a luz do simples olhar.