segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Intuição











Se sentires que os braços contornam as inseguranças
Se sentires que nada mais importa
Se te sentires protegida e segura
Se sentires que és preenchida pelo toque
Desenhada pelos dedos que te contornam
Então é AMOR!

Se sentires que adivinhas o seu pensamento
Que decifras o seu olhar
Se o silêncio é mais profundo do que as palavras
Se a presença apaga o passado
Se o que vives é o contorno do que sentes
Então é AMOR!

Se sentires que as mãos se unem intuitivamente
Num gesto profundo de alquimia
Se sentes que estás onde sempre estiveste
Noutras existências pensadas e amadas
D’um gesto que reconheces como teu

E Nas palavras ecoadas no espelho de ti
Então é AMOR!



Cristina Gonçalves D' Camões (2012)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Arco das Espumas














O mar rolou as suas ondas negras
Sobre as praias tocadas do infinito

Iremos juntos sozinhos pela areia
Embalados no dia
Colhendo as algas roxas e os corais
Que na praia deixou a maré cheia
As palavras que disseres e que eu disser
Serão somente as palavras que há nas coisas
Virás comigo desumanamente
Como vêm as ondas com o vento
O belo dia liso como um linho
Interminável será sem um defeito
Cheio de imagens e conhecimento
Sophia de Mello Breyner Andresen
In: Obra Poética: No tempo dividido, p 282-283

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Murmúrio












Murmura-me baixinho o teu gemido.
Deixa-me cantar-te neste Amor,
Fala-me baixinho ao ouvido…
São rosas…pétalas…este ardor.
Porque na noite a chuva chamas,
As pétalas entoadas neste viver.
De ti e de mim a quem amas:
Deste amor que está a amanhecer
D’aurora crescente sem dormir,
Acompanhas o orvalho de mim.
Deste amor que surge no devir,
O infinito desta paixão sem fim.

Cristina Gonçalves D' Camões (2012)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ilumina-me














Vieste sem avisar
Meu amor que tanto sonhei
Encontrar-me com a esperança
D’uma noite que não quero esquecer
Longe de ti os dias são frios
Longe de ti a lua não tem luz
Ilumina-me! Leva-me até ti!
Disseste-me em desespero

Porque longe de ti
Os ventos não sopram
O mar não me beija
As noites são o silêncio
Amor!
Anda comigo pela vida

Minh’alma que tu conheces
Como a outra que é a tua
Traças-me com um pincel
Bordas em mim a marca dos teus sonhos

Quem soubera?
Porque junto de ti…
Meu amor já deixei de ser
Quimera.


Cristina Gonçalves D' Camões (2012)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lucidez D’Aurora













Lembro-me o que fui…o que era
Dias e gélidas noites dolorosas,
Lembranças amargas d’uma primavera
Que nas rochas duras e assombrosas
Cravaram a desilusão e desamor
D’aqueles que não sentiram a quimera
Eis que a lucidez d’aurora fez furor
Daquele que paira e nada espera
Do grito desta vida tão estranha
Que anseia apenas e só: Viver!
Ai! Que eu nem soubera da manha
Das rochas velhas que quero esquecer!
Cristina Gonçalves D' Camões (2012)