Entra desenfreada em ti,
Tudo o que não esqueci
Utopias e novas quimeras.
Encontras o que esperas?
Pensamento, sombra e desatino...
Nem os Deuses fogem ao destino.
O tempo iludiu e calou,
E desespero profundo mostrou
Nas paredes ocultados,
Naquele hospício soterrados.
Ajuda! Pensam ser o fim...
Amanhã poderá ser o espelho de mim!
Dorme, louco, dorme,
(Cuidado: loucura enorme!)
As batas brancas chegaram?
Coitados, os estudiosos calaram,
Eles sentem-se loucos também.
Não é isto que o homem tem?
Deus que não o foi para todos,
Normalizou os modos.
Os pensamentos, a liberdade!
És louco desde a mocidade.
E tu, que apenas liberdade querias.
Confundido foste. Não merecias!
Quero ir busca-los,
Dessa ignóbil vida.
Mas nada posso fazer...
Que mais hei-de dizer?
Loucura que invejas a morte:
Morrer seria uma sorte!
Cristina Gonçalves D' Camões (2011)