“E de
repente ali estava eu, arrepiada, trémula de emoção pelas palavras que ficaram
por dizer e que talvez tenham morrido sem nunca ter visto a luz da aurora.
Leva-me (pensei)…leva-me contigo deste marasmo, desta vida sem sal.
Em vão,
afinal os pensamentos ainda não fazem eco nas outras mentes e ser-lhe-ia
impossível adivinhar o meu desejo.
Em vão,
afinal é tão difícil decifrar uma alma atordoada, esgotada pela amargura da
vida (não vida… pensei novamente).
Os meus olhos
ficaram imóveis vendo o seu desaparecimento no horizonte, deixei-me cair de
joelhos no chão frio daquela calçada que eu conhecia tão bem. Sinto-me completamente
molhada e rodando o corpo subitamente levanto-me assustada, agarro os lençóis
com força insistindo em não acreditar que tudo foi um sonho. Subitamente ele
levanta-se agarra-me e diz-me ao ouvido: “estou aqui, está tudo bem, tiveste um
pesadelo”.
Nesse
momento senti-me novamente em casa e deixei-me cair para trás e fui envolvida
pelo seu abraço e voltei a adormecer…”
In: "Palavras ao vento"
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