
O poeta tem medo de si…
Encurralado nas suas
Entranhas estranhas…
E quebradiças que lhe esgotam a alma,
O espírito,
A tranquilidade
…de conseguir ser alguma coisa
E não ser nada.
Num desatino feroz!
De tanto gritar
Adormece a voz
Sem se querer perder
Esgotar, envolver
Porque dentro si mora a utopia,
Que é sentida como uma ferida
Desse drama que lhe dá vida
O poeta teme a chama
Da Alma inquieta
Que por tanto querer
Encontrar-se
Perde-se sem rumo no sofrer!
Ser poeta é não-ser?
Cristina Gonçalves D' Camões (2011)