quarta-feira, 23 de maio de 2012

NÃO-SER

Encontrar o sentido da vida é uma tarefa inútil! Vã! Descontínua…
“O sentido da vida é a própria vida” (Natália Correia)
Na necessidade da existência Divina, encontro-me numa encruzilhada que me leva a vários caminhos ou a nenhum. “Não jurarei que qualquer Deus exista. Só sei que é grosseiro viver sem Deuses” (Natália Correia)
Crer na veracidade da vida é uma tarefa incompreensível e inatingível aos comuns mortais. Crer nas fadas, nos duendes seria uma fuga à realidade, seria uma tentativa falhada de chegar à fantasia que nos fizesse perceber a pobreza humana.
Os duelos existem apenas para elevar os egos dos fracos, dos que se escondem atrás das espadas numa tentativa de se elevarem a um nível que só existe nas suas mentes, nas suas vidas.
A maior parte dos duelos reduzem-se a uma tentativa de monopolização do poder… sobre os outros, as organizações, os países, o mundo. Para quê?
De nada serviram os séculos de conhecimento, de pensamento filosófico, de poesia, de música, de arte…
Para quê?
Tantas questões lançadas ao vento, que as leva sem destino. A única forma possível de chegarmos a nós é através do encontro com a natureza, os rios, as árvores, a vida.
A vida que nos dá vida. A vida que nos tira tudo e nos dá o NADA.
Não há melhor sensação do que o vazio, do nada. O vazio do nada tão temido leva-nos até ao fundo, torna-nos um quadro sem pintura, uma escultura sem rosto ou um livro sem palavras.

Podemos (re)escrever, (re)inventar, (re)programar, (re)viver ou mesmo (re)nascer de novo.
Começamos por um ponto e a dada altura já temos um conjunto de letras, palavras, frases, folhas e por aí fora.
(Re)Começar do nada é aproximarmo-nos da essência, da origem. Só esta sensação nos consegue levar ao sentimento dialéctico do NÃO-SER. Da ausência de existir, da negação do já atingido ficticiamente.
A verdade esconde-se algures no infinito do quadro sem pintura, da escultura sem rosto e do livro sem palavras.
O VAZIO (ao contrário do que a maioria pensa) pode assim, ser o início de um crescimento que poderá levar a uma elevação espiritual. 
Demagogias à parte e com humildade sou levada a pensar que só conseguimos existir no oposto de nós. Isto é. O que sabemos só pode existir no seu contrário. Encontrarmo-nos no vazio é ausentarmo-nos de tudo o que já existiu em nós. Escrever um livro sem palavras é permitir a criação de algo novo que se opõe ao já conhecido.