sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Existências



Inclina-te e ouve
O grito da gaivota
Que marca o sinal
Do dilúvio sombrio
Que nos arrastará
Para o desconhecido
Dos outros de nós
Que se encontram
No olhar da criança
Na esquina do pedinte
Nas pedras da vida
Na ternura do olhar
Neste conflito
Entre o bem e o mal
Nestes antónimos
Que dão à vida o sal
Que nos tempera
De conteúdos múltiplos
De sucessivas encarnações
D’ almas mal vividas
D’ ódios escusados
De um Deus ausente
Inatingível para muitos
Da fútil existência
D’alguns
Da sombra para lá
Da aparência transparente
Inútil, vã, descontínua
Com aquilo que realmente
Nos faz saber existir (…?) 


Cristina Gonçalves D' Camões (2011)